"A
Travessia do Albatroz - Amor e Fuga no Irã dos Aiatolás", de Márcia
Camargos, relata a história de um jovem iraniano que foge do seu país após a
Revolução islâmica, iniciada em 1979. Baseada no depoimento de Kurosh Majidi
(nome fictício), que vive atualmente no Brasil.
O texto
apresenta detalhes da cultura do Irã, principalmente quanto ao islamismo,
quando o Xá Reza Pahlevi foge do país. Durante seu governo Pahlevi havia tomado
medidas, chamadas de muito ocidentais, que não agradavam aos iranianos, que
queriam preservar sua identidade. O Xá privilegiou as multinacionais, mesmo
depois da nacionalização do petróleo em 1951, e havia se enriquecido com isso.
O aiatolá
Khomeini voltou do exílio e proclamou a República islâmica. Mas exerceu o poder
restringindo os direitos civis e adotando uma política de intolerância
religiosa, em que todo muçulmano deveria obedecer, ao pé da letra, a cada linha
do livro sagrado. Na mesma época o país entrou em guerra contra o Iraque.
Saddam Hussein, com o apoio dos Estados Unidos, aproveitou a vulnerabilidade
dos iraniamos e invadiu o país.
O pai de
Kurosh fala um pouco sobre a história do país: O Irã foi formado entre o golfo
Pérsico e o mar Cáspio há 2.660 anos. Foram os iranianos que ensinaram álgebra
aos árabes, além de arquitetura, química e astronomia. Foi em 1935 que a velha
Pérsia adotou o nome de Irã. Seu idioma é o persa, conhecido como farsi. O xadrez havia sido inventado na
Pérsia e transmitido aos árabes, assim como todo o restante de sua cultura. “Xeque-mate”
significa que o rei está morto.
Kurosh vive
atormentado entre cumprir os deveres muçulmanos, colaborando com a guerra, e trabalhar
com o pai. Além disso, se apaixona por uma menina de outra religião, conhecida
como Zoroastro ou Mazdaísmo. Ele sonhava com a liberdade, o que parecia que só
poderia acontecer em outro país. Assim, depois de uma série de mudanças e
tragédias na vida de sua família, ele decide fugir.