sábado, 14 de janeiro de 2012

Palavras


“Para isto servem as palavras, para estabelecer laços entre as pessoas – e para criar beleza. Pelo que a elas devemos ser eternamente gratos”. (Moacyr Scliar)

Jesus não deixou quaisquer palavras escritas, mas suas palavras permanecem vivas até hoje, perpetuadas nos evangelhos, escritos por seus discípulos.

Para que sua mensagem de amor alcançasse a eternidade, Jesus falava por meio de parábolas. Dessa forma, de acordo com o contexto social e histórico em que as pessoas viviam e viveriam, elas poderiam ser interpretadas. Muitos são os significados atribuídos às suas palavras, e a partir desses significados as religiões foram criadas pelos homens. No entanto, embora cada um interprete as palavras conforme seus valores e saberes, a lei maior – do amor – não se perdeu.

Podemos perceber tão poderosa e necessária é a palavra, pois é por meio dela que adquirimos conhecimento. Por meio do conhecimento e da experiência ganhamos sabedoria.  É sábio aquele que usar a palavra com humildade, como Jesus nos ensinou.

Hoje nos formamos professores e podemos seguir os ensinamentos do Mestre Jesus em nossa tarefa de ensinar e educar. Fazendo com amor o trabalho que nos propusermos a executar, procurando respeitar o próximo com suas particularidades e necessidades. Confiantes no Mestre, esperamos saber ser pacientes e tolerantes nas horas difíceis, e que o orgulho não nos transforme em pessoas egoístas e prepotentes.

A ferramenta no nosso trabalho, a partir de hoje, será a palavra. Com ela poderemos contribuir para um mundo melhor. Somemos a ela o amor de Cristo para sairmos vitoriosos em nossa jornada futura!

Maria do Rosário



Tia Julia e o escrevinhador

A mesma leveza de Travessuras da menina má e o mesmo estilo narrativo de O paraíso é na outra esquina podem ser encontrados nesta obra de Mario Vargas Llosa. Tia Julia e o escrevinhador alterna os capítulos entre as memórias de adolescência e juventude do autor com as novelas de rádio do personagem Pedro Camacho. Por meio dos sonhos da juventude, dos costumes e das leis vigentes, o autor nos apresenta a situação social, política e econômica da Lima nos anos 50.

Varguitas, apelido de Mario, estuda direito, trabalha na edição de notícias em uma rádio e sonha se mudar para Paris e se tornar escritor. Ele conhece Pedro Camacho, um contador de histórias que escreve novelas de rádio e fica perplexo com a rapidez e imaginação com que Camacho escreve as novelas, ao passo que ele, Varguitas, encontra muitas dificuldades para escrever um conto, perfeccionista que é em busca da verdadeira literatura, é seu maior crítico e juiz.

Camacho é um homem mergulhado totalmente ao trabalho, escrevendo ininterruptamente e simultaneamente quatro novelas, que caem no gosto popular e o transformam em um ídolo. Ele se dedica tanto ao trabalho que não se alimenta regularmente e não tem qualquer distração em sua vida. Com o passar do tempo, Camacho começa a misturar os personagens das novelas, em seguida passa a matá-los em grandes catástrofes, causando indignação em seu público. Por fim, não há outra alternativa senão interná-lo em um hospital psiquiátrico.

Paralelamente às suas pretensões literárias, Varguitas se apaixona por sua tia Julia, uma mulher de 30 anos, recentemente divorciada, que voltara para Lima em busca de um novo marido. O namoro é mantido em segredo por um bom tempo, mas quando toda a família fica sabendo, ele resolve se casar com ela, causando grandes transtornos no círculo familiar. Os noivos se envolvem em muitas aventuras para conseguirem oficializar o matrimônio, que são narradas com muito humor.

A história termina com um breve resumo do autor sobre os últimos doze anos de sua vida, em uma das visitas que faz anualmente a Lima. Ele se tornara escritor e havia morado em Paris, conforme sonhara. Desta vez ele reencontra alguns amigos da juventude e entre eles Pedro Camacho. Este ocupava um posto inferior em uma revista e era motivo de gozações de seus colegas, mas para Vargas Llosa era alguém que ainda merecia seu respeito.