segunda-feira, 2 de junho de 2014

FIM - Fernanda Torres


O livro é muito interessante, escrito de forma brilhante. A autora coloca sentimentos masculinos de forma sábia. Ela os trata como se estivesse na alma masculina. São cinco amigos, diferentes em personalidades, que se conhecem ainda jovens e mantêm a amizade por longos anos. Eles se casam, se separam e têm suas amantes. A partir da narrativa do dia da morte de cada um deles e das histórias de suas parceiras, o romance vai sendo construído, abrindo espaço para reflexões sobre a vida, o amor, a liberdade, a velhice e o tempo.

As mulheres têm um papel importante na vida desses homens, e suas atitudes e pensamentos são feitos pelo narrador, talvez para ressaltar que naquela época a mulher ainda não tinha o direito de se expressar. Pela idade dos maridos, calcula-se que tenham nascido nas décadas de 30 ou 40, jovens, portanto, quando se iniciaram as mudanças feministas.

As narrativas dos homens são sempre feitas em primeira pessoa. O livro começa pela morte mais recente (Álvaro), de 2014. A exposição das mortes segue uma ordem decrescente, exceto pela segunda (Sílvio), de 2009, talvez por causa de uma desavença entre este personagem e Álvaro.  Há um depoimento, em terceira pessoa, sobre Sílvio e seus amigos, que muito contribui para que o leitor conheça melhor os personagens. Ribeiro morre em 2013, e é colocada, em seguida, a história de Ruth, ex-mulher de Ciro, por quem Ribeiro era apaixonado. Da triste história de Ruth, segue a de sua amiga Célia, que vem a falecer antes do marido, Neto, que se mata em 1992, aos 61 anos de idade. Em 1990 acontece a primeira morte, de Ciro. A ex-mulher de Álvaro, Irene, ocupa um capítulo de poucas páginas e a de Sílvio, Norma, é pouco mencionada. A única morte masculina contada pelo narrador é a do padre Graça, presente em todos os enterros.


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