O
livro é muito interessante, escrito de forma brilhante. A autora coloca
sentimentos masculinos de forma sábia. Ela os trata como se estivesse na alma
masculina. São cinco amigos, diferentes em personalidades, que se conhecem
ainda jovens e mantêm a amizade por longos anos. Eles se casam, se separam e
têm suas amantes. A partir da narrativa do dia da morte de cada um deles e das
histórias de suas parceiras, o romance vai sendo construído, abrindo espaço
para reflexões sobre a vida, o amor, a liberdade, a velhice e o tempo.
As
mulheres têm um papel importante na vida desses homens, e suas atitudes e
pensamentos são feitos pelo narrador, talvez para ressaltar que naquela época a
mulher ainda não tinha o direito de se expressar. Pela idade dos maridos,
calcula-se que tenham nascido nas décadas de 30 ou 40, jovens, portanto, quando
se iniciaram as mudanças feministas.
As
narrativas dos homens são sempre feitas em primeira pessoa. O livro começa pela
morte mais recente (Álvaro), de 2014. A exposição das mortes segue uma ordem
decrescente, exceto pela segunda (Sílvio), de 2009, talvez por causa de uma
desavença entre este personagem e Álvaro. Há um depoimento, em terceira pessoa, sobre Sílvio
e seus amigos, que muito contribui para que o leitor conheça melhor os
personagens. Ribeiro morre em 2013, e é colocada, em seguida, a história de
Ruth, ex-mulher de Ciro, por quem Ribeiro era apaixonado. Da triste história de
Ruth, segue a de sua amiga Célia, que vem a falecer antes do marido, Neto, que
se mata em 1992, aos 61 anos de idade. Em 1990 acontece a primeira morte, de
Ciro. A ex-mulher de Álvaro, Irene, ocupa um capítulo de poucas páginas e a de
Sílvio, Norma, é pouco mencionada. A única morte masculina contada pelo
narrador é a do padre Graça, presente em todos os enterros.
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