segunda-feira, 1 de abril de 2013

A visita cruel do tempo


A Visita Cruel do Tempo, de Jennifer Egan, é uma narrativa amarga e hilária. A autora nos arrasta por guetos, o rock’n’roll está, de uma forma ou outra, ligado a cada um dos personagens. Lou e Bennie são produtores, Sasha e Lulu são assistentes, Dolly é relações públicas, Scotty é músico e por aí vai. Não só as vidas dos personagens deslizam diante dos olhos do leitor, mas também cinquenta anos de toda uma cultura pop, que vai envelhecendo.

Egan escreve em primeira, terceira e até segunda pessoa, conforme o caso, para mudar o foco da ação e não deixar a história cair na monotonia. Há ainda um capítulo todo em PowerPoint, exibindo por meio de slides intencionalmente toscos a visão de uma personagem jovem. Os personagens são apresentados em um determinado capítulo e são recuperados em outros capítulos, quando se está contando a vida de um deles.

O que Jennifer Egan oferece a seus leitores é uma viagem através do tempo e dos sonhos. O tempo é cruel, como dito no livro, e abate os personagens um a um de forma inexorável, transformando e arrastando a todos em uma maré de eventos. Os sonhos são mais tangíveis, cada um tem o seu e pretende atingi-lo com prazos e metas bem definidos, e isso leva de volta ao tempo e de volta aos sonhos e mais uma vez em torno de acontecimentos incontroláveis, em idas e vindas com um fim.
(site Café de ontem)

Nenhum comentário:

Postar um comentário