A Visita Cruel do Tempo, de Jennifer
Egan,
é uma narrativa amarga e hilária. A autora nos arrasta por guetos, o
rock’n’roll está, de uma forma ou outra, ligado a cada um dos personagens. Lou
e Bennie são produtores, Sasha e Lulu são assistentes, Dolly é relações
públicas, Scotty é músico e por aí vai. Não só as vidas dos personagens
deslizam diante dos olhos do leitor, mas também cinquenta anos de toda uma
cultura pop, que vai envelhecendo.
Egan
escreve em primeira, terceira e até segunda pessoa, conforme o caso, para mudar
o foco da ação e não deixar a história cair na monotonia. Há ainda um capítulo
todo em PowerPoint, exibindo por meio de slides intencionalmente toscos a visão
de uma personagem jovem. Os personagens são apresentados em um determinado capítulo
e são recuperados em outros capítulos, quando se está contando a vida de um
deles.
O
que Jennifer Egan oferece a seus
leitores é uma viagem através do tempo e dos sonhos. O tempo é cruel, como dito
no livro, e abate os personagens um a um de forma inexorável, transformando e
arrastando a todos em uma maré de eventos. Os sonhos são mais tangíveis, cada
um tem o seu e pretende atingi-lo com prazos e metas bem definidos, e isso leva
de volta ao tempo e de volta aos sonhos e mais uma vez em torno de
acontecimentos incontroláveis, em idas e vindas com um fim.
(site Café
de ontem)
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