sexta-feira, 29 de julho de 2011

Morte e Vida Severina, João Cabral de Melo Neto

Belo porque é uma porta 
abrindo-se em mais saídas.  

Belo como a última onda 
que o fim do mar sempre adia.  

é tão belo como as ondas 
em sua adição infinita.  


Belo porque tem do novo 
a surpresa e a alegria.  

Belo como a coisa nova 
na prateleira até então vazia.  

Como qualquer coisa nova 
inaugurando o seu dia.  

Ou como o caderno novo 
quando a gente o principia. 
 
E belo porque o novo 
todo o velho contagia.   

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