sexta-feira, 29 de julho de 2011

Uma professora muito maluquinha - Ziraldo

Uma professora muito maluquinha, de Ziraldo, foi publicado em 1995, e conta uma história que se passa na década de 40, em um pequena cidade do interior. Inspirado em sua professora da primeira série, Catarina, ou Dona Kate, Ziraldo fala de uma professora diferente, que amava ler. Ela era uma menina de apenas 16 anos, linda para os meninos e um anjo para as meninas. Para estimular a leitura entre seus alunos, ela fugiu dos padrões normais de ensino e aprendizagem e usou métodos divertidos, inovadores, sucesso na sala de aula.

O método de ensino, utilizado pela professora naquela época, seria muito bem vindo na atualidade, visto que fazem parte da proposta dos PCNs, homologados pelo Governo em 1998. Eram usados jogos, como “Forca”, caça-palavras em anúncios de revistas, distribuição de gibis, para serem lidos em sala, com o exemplo da professora, que lia seu próprio livro. Essa atividade de leitura era, inclusive, feita às escondidas da diretoria da escola, que achava que gibis não faziam parte do currículo escolar.

As crianças adoravam as aulas da Dona Kate, porque tudo era aprendido com uma finalidade. Quando a professora escrevia uma frase no quadro, quem conseguisse ler primeiro ganhava o que estava lá escrito. A sua primeira frase foi: “Debaixo da última carteira da fila do meio tem uma maçã embrulhadinha. Quem ler esta frase até o fim, ganha a maçã. Pode ir lá pegar.” E a festa foi repetida várias vezes. Festa, porque suas aulas eram como uma festa para a meninada. Uma outra frase interessante foi um bilhete: “Quem, até o final da aula, tiver lido com cuidado esta frase e tiver prestado bastante atenção nela, vai escrever um bilhetinho para mim e deixar sobre a minha mesa com seu nome. Neste bilete o aluno vai dizer qual foi a palavra que escrevi errada. A) A Professora.”

Se alguém fizesse alguma coisa que parecesse errada, não havia castigo, mas um julgamento. Um aluno para a acusação e outro para a defesa. O resto da turma eram os jurados. E, no final do ano, quando todos já estavam lendo tudo, ficou decidido que as defesas e acusações seriam feitas por escrito. Dessa forma eram produzidos os textos das crianças, com bastante criatividade.

Houve uma outra invenção da professora, dessa vez para incentivar a leitura de poemas. Ela usou uma bobina de papel, do tipo que a gente vê nas lojas que ainda embrulham as mercadorias. Depois colocou uma manivela na bobina. O poema era escrito no papel e, girando a manivela bem devagar, os versos iam surgindo no papel, de baixo para cima. A cada dia era um poema novo e a “máquina” girando um pouco mais rápido.

O ano letivo estava chegando ao fim. A professora comunicou à diretora que seus alunos não precisavam fazer provas, pois tinham condições de passar de ano. Entretanto a prova foi aplicada e todos tomaram bomba, pois a escola exigiu das crianças outro tipo de conhecimento. Na verdade, eles não haviam estudado as denominações do que aprendiam, como verbo, adjetivo, localização de países distantes, nomes de rios, datas de alguns acontecimentos históricos. Eles sabiam tudo, mas não haviam decorado nada.

No ano seguinte a maluquinha fugiu da cidade, com o namorado. Naquele dia, os meninos e as meninas não se preocuparam, como todos, para onde ela tinha ido e com quem. Eles queriam apenas decifrar uma mensagem codificada que ela havia deixado para eles. Após a leitura do bilhete, constataram que Dona Kate havia cometido um único erro com seus alunos: o de achar que eles iam precisar crescer para entender.

O livro termina com uma pequena declaração de espanto e admiração, referindo-se ao tempo que passara tão rápido, e com o desejo de guardar, na memória, a Professora Maluquinha, que os ajudou a construir, cada um, a própria felicidade.

Um comentário:

  1. eu vi o filme e li o livro e os dois sao muito bonitos mas no final dos dois eu chorei muito ,muito mesmo foi muito triste a dona Kate ter fugido eu chorei muito.

    ResponderExcluir